domingo, 11 de septiembre de 2016

Beata Ana Catarina Emmerich - "A falsa igreja"


Beata Ana Catarina Emmerich
(1774-1824)


Beatificada por São João Paulo II a 3 de Outubro de 2004






A falsa Igreja


«12 de Novembro 1820. – Viajava através de uma comarca sombria e fria e cheguei à grande cidade (Roma). De novo vi ali a grande e singular igreja que se estava a construir; não havia nela nada de santo; vi, da mesma maneira que vejo uma obra católica, eclesiástica, onde os anjos, os santos e os cristãos trabalham em comum; mas desta vez o trabalho era feito de forma mais mecânica.
Vi em cima desenhar linhas e traçar figuras, e a seguir vi como na terra um homem tinha levantado um plano, um desenho. Vi a acção dos orgulhosos espíritos planetários e como as suas relações com esta construção se fazia sentir até ás regiões mais distantes. Vi chegar até muito longe o impulso dado para a preparação de tudo o que podia ser necessário para a construção e para a existência desta igreja; ali vi chegarem todo o tipo de pessoas e de coisas, de doutrinas e opiniões. Nisto tudo havia algo de orgulhoso, de presunçoso, de violento, e tudo parecia ter êxito e eu continuava e ver uma serie de cenas. Vi subir e descer os espíritos planetários que enviavam raios sobre as pessoas que estavam a construir o edifício. Tudo era feito segundo a razão humana.
Não vi um único anjo nem um único santo a cooperar nesta obra. Mas vi muito mais longe, ao fundo, o trono de um povo selvagem armado com espadas, e uma figura que ria dizendo: “construí o mais sólidos que queirais, nós a derrubaremos”». (AA[1].III.105)

«(Vi) que se mina e se asfixia tão habilmente a religião que não resta mais do que um pequeno número de sacerdotes que não esteja seduzido. Não sei como isto aconteceu, mas vejo a névoa e as trevas alastrarem-se cada vez mais. No entanto há três igrejas nas que não conseguem penetrar: a de S. Pedro, a de Sta. Maria Maior e a de S. Miguel. Trabalham consecutivamente para as demolir mas não conseguem. Todos trabalham para a demolição, inclusivamente os eclesiásticos. Uma grande devastação está próxima». (AA.III.122)

«Vi muitas abominações com grande detalhe; reconheci a cidade de Roma e vi a Igreja oprimida e a sua decadência no interior e no exterior». (AA.III.159)

«Vi numa pradaria verde muitas pessoas, entre as quais sábios, reunirem-se à parte [...] e apareceu uma nova igreja onde estavam todos reunidos. Esta igreja era redonda com uma cúpula cinzenta e eram tantas as pessoas que aí afluíam que eu não entendia como podiam caber todas. Era como um povo inteiro.
No entanto, esta nova igreja tornava-se cada vez mais sombria e negra (de início era cinzenta) e tudo o que se passava nela era como um vapor negro. Estas trevas espalharam-se para fora e todo o verde secou; várias paróquias das redondezas foram invadidas pela escuridão e secura, e o prado, a uma grande distância, tornou-se como um pântano sombrio.
Vi então vários grupos de pessoas bem intencionadas que corriam para o lado da pradaria onde ainda havia verde e luz.
Não encontro palavras para descrever o efeito terrível, sinistro, mortífero desta igreja. Todo o verde desaparecia, as árvores morriam, os jardins perdiam a sua beleza. Vi, como numa visão, as trevas produzirem o seu efeito a uma grande distância; onde chegavam, estendiam-se como uma corda negra. Não sei o que se passou com todas as pessoas que estavam dentro dessa igreja. Era como se devorasse os homens: tornava-se cada vez mais negra, totalmente semelhante ao carvão da forja, descamando-se de maneira horrível.
Depois disto (da horrível visão da igreja negra) fui guiada por três anjos até um grande lugar verdejante rodeado de muros, como o cemitério que há aqui em frente.
Fui posta ali como que sentada num banco alto. Não sabia se estava viva ou morta, mas vestia uma túnica branca.
O mais alto dos três disse-me: “Louvado seja Deus! Aqui ainda há luz e verde”. Então, entre a igreja negra e eu, caiu do céu como que uma chuva de deslumbrantes pedras brilhantes e preciosas…
Um dos meus companheiros (um dos três anjos) ordenou-me que as recebesse. Depois desapareceram. Não sei se partiram todos; lembro-me que, por causa da grande ansiedade que me causou a igreja negra, não tive coragem de receber as pedras preciosas. Quando o anjo regressou, perguntou-me se as tinha guardado e respondi-lhe que não; então ordenou-me que o fizesse.
Inclinei-me para a frente e encontrei ainda três pedras pequenas talhadas como cristais. Estavam pela seguinte ordem: a primeira era azul, a segunda de um vermelho claro, a terceira de um branco brilhante e transparente. Levei-as aos meus dois outros companheiros, que eram mais pequenos que o primeiro, e, andando sempre de aqui para acolá, eles esfregavam-nas umas contra as outras e fizeram surgir delas os mais belos raios de luz que se estenderam por todo o lado. Ali a donde chegavam, o verde renascia, a luz e a vida se propagavam. Noutro lado vi a igreja tenebrosa que se degradava.
Depois, num ápice, uma grande multidão espalhou-se pelo prado verdejante e cheio de luz, dirigindo-se a uma vila luminosa.
Por outro lado, a igreja negra, permanecia numa noite sombria». (AA.III.156, 157)

«Eles querem ser um só corpo em algo diferente do Senhor. Formou-se um corpo, uma comunidade fora do corpo do Jesus que é a Igreja: uma falsa igreja sem Redentor, onde o mistério consiste em não ter mistério.
É quando a ciência se separou da fé quando nasce esta igreja sem Salvador: as pretendidas obras boas sem a fé, a comunhão dos incrédulos que tem aparência de virtude; numa palavra a anti-igreja cujo centro está ocupado pela malícia, o erro, a mentira, a hipocrisia, a lassitude, os artifícios de todos os demónios da época». (AA.II.89)







[1] K. E. Schmoeger, Vie d’anne-Catherine Emerich, 3 vols., Tequi, 1950.





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