Beata Ana Catarina Emmerich
(1774-1824)
Beatificada por São João Paulo II a 3 de Outubro de 2004
A igreja dos apóstatas
«Vi crescer grandemente a igreja
dos apóstatas. Vi as trevas que dela saiam espalhando-se ao redor e vi muitas
pessoas abandonar a Igreja legítima e dirigir-se à outra dizendo: “Aí tudo é
mais bonito, mais natural, mais ordenado”». (AA[1].II.414)
«Vi coisas deploráveis:
jogava-se, bebia-se, falava-se de coisas vãs, seduziam-se as mulheres na
igreja. Numa palavra, cometiam-se ali todo o tipo de abominações». (AA.III.120)
«Os sacerdotes deixavam que se
fizesse qualquer coisa e diziam a Missa com muita irreverência. Vi poucos que
ainda tivessem piedade e julgassem as coisas de modo salutar. Tudo isso me
afligiu muito. Então, o meu Esposo celeste pegou no meu corpo e dispondo-o,
como ele mesmo tinha sido atado à coluna, disse-me: “Assim é como a Igreja
ainda será encadeada antes de que possa revelar-se.”». (AA.III.120)
«Ele mostrou-me também em
inumeráveis quadros a deplorável conducta dos cristãos e dos eclesiásticos, nas
esferas cada vez mais vastas, estendendo-se pelo mundo inteiro, até estar o meu
país incluído. Era um quadro imenso e indescritivelmente triste. De este modo
foi-me mostrado que já quase não há cristãos no antigo significado da palavra».
(AA.III.125)
«Vi no futuro a religião muito
degradada e conservando-se unicamente em alguns lugares, em algumas casas e em
algumas famílias que Deus protegeu também dos desastres da guerra».
(AA.III.557)
«(12 de Setembro de 1820). Vi
construir uma igreja estranha e ao contrario de todas as regras. O coro estava
dividido em três partes, das quais cada uma era uns graus mais alta que a outra.
Debaixo havia uma adega sombria, cheia de fumo. [...] Na primeira parte vi
arrastar um trono [...]. Na segunda um alguidar cheio de água. A água sozinha
parecia ter algum significado. [...] Na mais elevada uma mesa.
Não vi nenhum anjo assistir a
construção: mas diversos espíritos planetários (que se encarregam de enganar
aos homens) violentíssimos arrastavam todo o tipo de objectos para a cave,
donde depois eram levados por outros personagens [vestidos] em pequenos mantos
eclesiais. Nada na igreja vinha do alto: tudo vinha da terra [...] e da região
tenebrosa [...] tudo nessa igreja era escuro, contra-sentido y sem vida: não
havia mais que burla e ruína.
Vi perto outra igreja donde
reinava a claridade e que estava provista de toda espécie de graças do alto. Vi
os anjos subir e descer, vi vida e crescimento [mas também] tibieza e
dissipação.
Vi a Igreja tradicional que (por
muito imperfeita y obscurecida que esteja, sem saber a luz que lhe espera) era
como uma árvore cheia de seiva em comparação com a outra que parecia um baú
cheio de objectos inanimados; era como um pássaro que planeia, como um dragão de
papel, com uma cauda carregada de fitas e de letreiros que se arrasta num
restolho em vez de voar. Vi que muitos dos instrumentos que estavam na nova
igreja, como por exemplo flechas e dardos, não estavam reunidos mais que para
ser empregados contra a igreja viva». (AA.III.104)
«Eles amassavam o pão na bodega
debaixo; mas de ali não resultava nada e trabalhava-se em vão.
Vi também os homens com pequenos
mantos levar madeira diante da balaustrada, donde se encontrava a sede do
predicador; acendiam fogo, sopravam com todas as suas forças e produzia-se uma
dor extrema, mas tudo isto não produzia mais que fumo e um vapor abomináveis.
Então com uma vara fizeram um
furo no alto, mas o fumo não queria subir e tudo permanecia submergido numa
escuridão asfixiante.
Tudo permanecia na terra e ia
para a terra, e tudo estava morto, artificial e feito pela mão do homem: é
propriamente uma igreja de fabrico humano, seguindo a última moda, como a nova
igreja heterodoxa de Roma, que é da mesma espécie». (AA.III.105)
«Encontrava-me numa grande sala.
Dos dois lados estavam, à frente das escrivaninhas, jovens em hábito longo que
pareciam ser seminaristas. No meio um homem grande ia e vinha. De repente, no
lugar dos homens, não vi mais que cavalos dos dois lados, e no meio um grande
boi ruminado que ia e vinha, enquanto que detrás dele os cavalos mostravam os
dentes e faziam todo o tipo de gestos com a cara. Esperava que o boi lhes
mostrasse os cornos e os obrigasse a estar sossegados, mas a única coisa que
fez foi, chegando a um lado da sala, golpear a parede com os seus cornos. Já
havia um buraco, e eu dizia-me que tudo ia a derrubar-se sobre eles».
(AA.III.176)
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